Sou criança, sou menino, descalço sem rumo
Sou órfão deste lugar, deste caminho, deste mundo
Onde o meu pequeno futuro se esvai, se perde
Não porque eu quero...
Não porque eu sinto...
Simplesmente porque sou menino!
Menino sem pátria, um simples pária
Vivendo na lata das latas humanas
Nos guetos desta miséria de vida
Dizem que é do meu sangue, da minha história
Meu sangue é vermelho e o deles?
Dizem que roubo, mato, que tenho minha alma vendida
Esquecem-se de mim, perdem a memória
Esquecem-se que já foram meninos
Que sonharam, que brincaram
Esquecem-se ...
Sou criança, sou menino
Sou simplesmente alguém que pede uma mão
uma oportunidade, uma justiça
Quero viver, brincar, crescer
Quero ter uma vida, uma casa de banho
Quero um quarto meu, quero aprender
Atiram-me com os subsídios e os demais logros
Dizendo que não gosto de trabalhar
Dizendo que sou feito da mais pura preguiça
Que não gosto de lutar
Que ando de terra em terra
que sou um sem lugar
Sou criança, sou menino
Sou alguém que espera um sonho, uma quimera
Sou simplesmente um menino como os outros
Poema dedicado aos meninos de etnia cigana com quem trabalho todos os dias. Que apesar de todas as dificuldades, vão lutando para ter um vida melhor. Longe de preconceitos e xenofobias. Trabalho numa comunidade (casas de madeira e lata) onde fui desde o início recebido de braços abertos.
A eles obrigado por me receberem como um deles.
Momentos como este mostram o que é trabalhar com crianças, muitas vezes rotuladas com uma parafernália de adjectivos, com vontade de aprender. Este espaço foi o primeiro que tivemos, na sede do Castiis. Hoje já estamos a trabalhar no acampamento, lugar onde está montada a sede dos ateliês.
Começou mais um ano de trabalho, que não é de trabalho, mas de realização pessoal e gosto. Este ano com os grupos definidos de outra forma, tenho a certeza absoluta, que se o ano passado foi bom este será excelente.
Começámos, nestes primeiros dias, com o estudo das origem e da língua cigana. Falámos sobre a língua Romani/Caló, sobre o o seu uso no dia-a-dia da comunidade da Baralha (uso este que se está a perder, pois só os mais velhos têm algum conhecimento verdadeiro dele) onde se utilizam ainda alguns vocábulos antigos. Hoje em dia esta comunidade utiliza uma mistura de Galego com Português e algumas palavras, essas sim, de Caló. Aparte disso, esta semana foi tempo de reuniões com o agrupamento escolar, onde a maior parte destes alunos estão inseridos, com o intuito de unir esforços, entre a escola e os ateliês dos Castiis, onde eu sou monitor, para que se consiga o aproveitamento máximo para estas crianças. Não nos podemos esquecer, que esta comunidade, ainda a bem pouco tempo andava de terra em terra, nómada de alma e coração e, que por isso, não podem ter os hábitos e costumes de pessoas que não são da sua etnia. Temos de unir forças para a sua integração, não a sua assimilação, pois os seus costumes e tradições não se poderão nunca perder, deve ser a própria comunidade em geral a fazer esforços para ajudar a preserva-los. Portugal só poderá ser rico se souber preservar as suas gentes e as suas diferenças.
Lurdes
Diogo
Gaspar
Rui Jorge (Tiago)
Gabriel
Sandra
Patrícia
Carla
Miguel
Hugo
Sandrinha
Rafaela
Júlia
Tamara
Laurinda
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